A noite chega certa, serena,
indiferente de mim!
Na tua ausência, feita de pena,
Aceito a angústia, mesmo assim...
Noite longa, noite fria,
Traz-me à tela da memória,
Ilusões de alegria,
Sonhos d'amor, inda sem estória.
Fecho os olhos p'ra te ver,
Desenho-te ao meu lado.
Imagino, quero crer,
És agora o meu fado!
Adentro a noite calma,
Mil prazeres imagino;
Sussurros, espasmos d'alma,
Desmaios, perco o tino!
Abraços e mais afagos,
E desejos muito ardentes.
Corpos nus, enlaçados,
Saboreiam lábios quentes...
E em sonhos desvaneço,
Soltando frémitos loucos.
Entrego-me, perco-me, esqueço-me,
Vou morrendo, pouco a pouco...
Abandono-me no degredo,
Morrendo mil vezes em ti.
Meu amor, não tenho medo,
Nem da morte, nem de mim.
Este amor vive d' incúria,
E d' intrépida certeza
Vive d' ânsias de luxúria,
E desejos de pureza...
Entre as estrelas e o luar,
Alva luz que tudo inunda,
O importante é amar,
Resta-me a noite profunda.
Vem oh noite, acalma a dor!
Segreda-me enquanto dormem;
Traz-me novas do meu amor,
Queira Deus que não me acordem...
Mena